Uma vida de sonhos e desafios
“Filha, o mundo não vai acabar amanhã”, disse meu pai. Parece que foi ontem que eu ouvi ele falar isso. Eu tinha 16 anos e tinha acabado de entrar na faculdade. Na verdade, duas faculdades, de Administração e Ciência da Computação. Na época eu pensei: por que fazer só uma faculdade se eu posso fazer duas? E eu ainda encontrava tempo e disposição para fazer natação bem cedinho, ir nas aulas de inglês e violão, ser representante de turma, organizar eventos, festas, viagens e excursões para a “feira de informática em São Paulo” (com direito a passar um dia no parque de diversões).
Infância e adolescência
Eu sempre fui uma criança muito agitada, sorridente, de bem com a vida e muito sonhadora. Adorava livros, música, escrevia alguns poemas, admirava a lua, e imaginava um mundo perfeito, com direito a príncipe encantado e um futuro maravilhoso, com todos os meus sonhos se realizando. Além de brincar de ser mãe, eu também gostava de imaginar que eu era professora. Reunia todas as minhas bonecas e passava muitas tardes dando aula de matemática para elas, minha matéria preferida.
Tive uma educação tradicional, onde fui ensinada a ser uma pessoa agradável, cumprir todos os padrões exigidos pela sociedade, evitar conflitos, ser honesta, ética, responsável e principalmente não questionar. E à medida em que eu ia crescendo, e enquanto eu me esforçava para desempenhar todos os papéis que eram esperados de mim, eu pensava no que eu podia mudar e como podia fazer diferente.
Maternidade e Mundo corporativo
Fui mãe aos 32 anos, depois de 6 anos de tentativas e diversos tratamentos para conseguir engravidar. Um ano e meio depois que Heloísa nasceu fui abençoada com a vinda da minha segunda filha, a Helena. Nessa época optei por abrir minha empresa de consultoria, para poder ficar mais perto das meninas e curtir o meu “momento mãe”, voltando para o mundo corporativo quando a pequena tinha 2 anos.
Foram mais de 25 anos de desafios no mundo corporativo, nas áreas de tecnologia e gestão, trabalhando em empresas de grande porte (Petrobras, GVT e Grupo Boticário), empresas startups, além de ter trabalhado na empresa do meu pai, a Hume, uma empresa de pré-moldados de concreto centrifugado.
O meu maior desafio sempre foi conciliar a vida pessoal e profissional. Com muita energia, vontade de aprender e ensinar (e uma inquietação constante) sempre me desafiei a organizar e utilizar bem o meu tempo, ser dona da minha agenda e chegar no fim do dia com aquela sensação gostosa de que o dia foi muito produtivo.
Além das duas faculdades fiz duas especializações, um MBA (em Gestão Empresarial) e um Mestrado (em educação e Novas Tecnologias). Leio no mínimo 4 livros por mês e estou constantemente procurando (e encontrando) novas oportunidades, desafios e projetos.
Meu lado empreendedor
Sempre tive um espírito empreendedor, a cabeça cheia de ideias, muita facilidade e agilidade para me adaptar e mudar. Nas empresas em que trabalhei, me lembro de ter falado inúmeras vezes para os meus gerentes e diretores: “eu preciso de um novo desafio”. Ou então: “eu quero fazer mais, eu posso fazer melhor”. Nunca me arrependi de nenhuma mudança significativa que fiz na minha vida. Muito pelo contrário, muitas vezes achei que deveria ter mudado antes.
Quando eu tinha 44 anos precisei fazer cirurgia de emergência. Um mês em casa, tendo que ficar o mais quieta possível, me forcei a fazer uma reflexão profunda sobre a minha vida. Eu estava feliz? Queria continuar no mesmo caminho? Queria continuar na mesma empresa? Foi quando percebi que eu passei toda a minha vida tentando ser responsável, uma boa esposa, uma boa mãe, estudando, trabalhando, fazendo o meu papel na sociedade. Cumpri todas as etapas e requisitos esperados: estudar, passar no vestibular, concluir a faculdade, arrumar um emprego, comprar um carro, casar, comprar uma casa, ter filhos, trabalhar muito. Mas sentia que isso não era o suficiente, que eu não estava feliz, que faltava alguma coisa.
Eu me questionava constantemente: As coisas que estou fazendo tem sentido para mim? Qual é a contribuição que eu estou dando para o mundo? O que estou fazendo para construir um país e um mundo melhor para as minhas filhas?
A decisão por mudanças e a atitude de mudar vieram rápido. Posso falar que nessa época eu “coloquei a minha vida em um liquidificador e apertei o botão na velocidade máxima”.
“Somente quando fechamos algumas portas conseguimos enxergar novas oportunidades e ver as outras portas que se abrem.”
Recomeçar sempre
A partir desse dia minha vida foi um eterno recomeçar, um “restart” a cada dia, a cada novo amanhecer. Recomecei uma nova vida, tanto na esfera pessoal quanto na profissional, com novos projetos e mais desafios. Saí do mundo corporativo, fiz meu tão sonhado Mestrado e a certificação em Coaching, mudei de cidade e de residências algumas vezes.
Foi então que eu encontrei meu propósito e missão de vida, e também a realização pessoal e profissional.
A minha jornada como empreendedora e empresária não foi (e não é) fácil. Como todo ser humano, eu acertei algumas vezes, errei outras, magoei pessoas, me frustrei, tropecei, me levantei… caí de novo, levantei de novo… entendo que tudo isso faz parte do meu processo de evolução.
O que importa é estar sempre aprendendo, tendo atitude para recomeçar, de cabeça erguida, com muita fé, autoconfiança e a certeza de que com planejamento e organização fica muito mais fácil enfrentar os desafios e superar as dificuldades.
Realização profissional
Hoje tenho 51 anos e posso me orgulhar do meu passado e da minha vida. Fico feliz e emocionada em olhar pra trás e ter a consciência de tudo o que eu conquistei, e principalmente, de como eu consegui superar cada uma das dificuldades, que não foram poucas.
Encontrei várias formas para compartilhar meu conhecimento e apoiar pessoas empreendedoras para que elas também conquistem seus objetivos.
Fundei a empresa Learning Coach em 2017 e hoje eu atuo como Coach e mentora de produtividade, palestrante, professora e escritora.
Sou autora do livro “Empreendedoras Produtivas”, idealizadora do Programa Restartme para mulheres empreendedoras, idealizadora do Jogo Roda dos Sonhos e do Projeto Social Nós & Nós para mulheres vítimas de violência psicológica.
Participo de vários grupos de mulheres empreendedoras e executivas, sendo responsável pela comissão de Direitos da Mulher da BPW – Curitiba, coordenadora Regional do Grupo de Estudos de Empreendedorismo e Protagonismo feminino da Law Talks. Também sou professora do Programa perspectivação do ISAE/FGV em Curitiba e integro o Programa RIT (Rede ISAE de Talentos).
Um dos meus maiores valores é compartilhar conhecimentos. Para mim não faz sentido eu guardar tudo o que aprendi somente para mim, para usar em benefício próprio. Entendo que compartilhar informações e conhecimento e ensinar outras pessoas é a minha forma de contribuir para fazer do nosso país e do mundo um lugar melhor para se viver.
Eu utilizo a metodologia Learning Coach na minha vida pessoal e profissional, orientando meus clientes para que eles também possam aprender, praticar e ter resultados sustentáveis, construindo um futuro brilhante e com muito sucesso.
Para que eles tenham uma caminhada empreendedora produtiva, com autoconhecimento, aprendizado, colaboração, planejamento e organização.
Para que essa caminhada tenha um sentido e seja repleta de momentos, lembranças e histórias inesquecíveis.
E para que em cada uma dessas histórias esteja escrito no final: “valeu a pena!”
Foto Gus Benke