“Filha, o mundo não vai acabar amanhã”, disse meu pai. Parece que foi ontem que eu ouvi ele falar isso. Eu tinha 16 anos e tinha acabado de entrar na faculdade. Na verdade, duas faculdades, de Administração e Ciência da Computação. Na época eu pensei: por que fazer só uma faculdade se eu posso fazer duas? E eu ainda encontrava tempo e disposição para fazer natação bem cedinho, ir nas aulas de inglês e violão, ser representante de turma, organizar eventos, festas, viagens e excursões para a “feira de informática em São Paulo” (com direito a passar um dia no parque de diversões).
Infância e adolescência
Eu sempre fui uma criança muito agitada, sorridente, de bem com a vida e muito sonhadora. Adorava livros, música, escrevia alguns poemas, admirava a lua, e imaginava um mundo perfeito, com direito a príncipe encantado e um futuro maravilhoso, com todos os meus sonhos se realizando. Além de brincar de ser mãe, eu também gostava de imaginar que eu era professora. Reunia todas as minhas bonecas e passava muitas tardes dando aula de matemática para elas, minha matéria preferida.
Tive uma educação tradicional, onde fui ensinada a ser uma pessoa agradável, cumprir todos os padrões exigidos pela sociedade, evitar conflitos, ser honesta, ética, responsável e principalmente não questionar. E à medida em que eu ia crescendo, e enquanto eu me esforçava para desempenhar todos os papéis que eram esperados de mim, eu pensava no que eu podia mudar e como podia fazer diferente.